Todo mundo sabe que ele é muito importante, mas poucos lhe dedicam tempo no dia a dia. O uso frequente da fita dental está associado à prevenção de câncer, Alzheimer e até parto prematuro. Entenda essa história.
1- Até as artérias ganham
Quem vê uma boca saudável vislumbra também um coração livre de ameaças. Cada vez mais se encontram evidências de que as bactérias que se proliferam sem controle entre os dentes e a gengiva representam perigo a distância.
É que a gengivite e sobretudo seu estágio mais avançado, a periodontite, complicam o estado dos vasos sanguíneos, incluindo aqueles que irrigam o músculo cardíaco. Daí o papel protetor do fio dental.
O mais recente estudo que corrobora seus préstimos ao coração vem da Universidade de Halle-Wittenberg, na Alemanha, e foi realizado com 942 pessoas de alto risco cardíaco. Constatou-se que os indivíduos que faziam uso rotineiro da fita enfrentavam uma probabilidade menor de sofrer um colapso no peito.
O que uma coisa tem a ver com a outra? “A doença periodontal, assim como as demais infecções, é caracterizada por um processo inflamatório que contribui para a ruptura das placas nas artérias e um consequente infarto”, explica o cardiologista Luiz Antonio Cesar, do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo.
2- Sem perder o fôlego
A cavidade bucal mantém comunicação direta com o sistema respiratório. Quem se aproveita disso são as bactérias que moram ali.
Ao avançar para a corrente sanguínea (e até pelo ar inalado!), elas podem causar estragos nos pulmões.
Para unir as pontas dessa relação, a Academia Americana de Periodontologia comparou a situação bucal de sujeitos saudáveis com a de 200 pessoas hospitalizadas em função de pneumonias ou doença pulmonar obstrutiva crônica.
Davam sinais de calamidade justamente os dentes e a gengiva dos pacientes com problemas pulmonares.
Mas não é preciso gastar uma tonelada de fio dental para correr atrás do prejuízo, se for o caso.
Em geral, as bactérias só bombardeiam os pulmões se as defesas estão em baixa. “Indivíduos internados costumam ter o sistema imune fragilizado e ficam mais expostos à migração desses micro-organismos”, esclarece o otorrinolaringologista Arnaldo Guilherme, da Universidade Federal de São Paulo.
Como a gente não sabe quando vai precisar de um hospital, convém conservar a boca em ordem.
3 – Por uma boca cheia…
…de dentes claro. A cavidade bucal mantém comunicação direta com o sistema respiratório. Quem se aproveita disso são as bactérias que moram ali.
Ao avançar para a corrente sanguínea (e até pelo ar inalado!), elas podem causar estragos nos pulmões. Para unir as pontas dessa relação, a Academia Americana de Periodontologia comparou a situação bucal de sujeitos saudáveis com a de 200 pessoas hospitalizadas em função de pneumonias ou doença pulmonar obstrutiva crônica.
Davam sinais de calamidade justamente os dentes e a gengiva dos pacientes com problemas pulmonares.
Mas não é preciso gastar uma tonelada de fio dental para correr atrás do prejuízo, se for o caso. Em geral, as bactérias só bombardeiam os pulmões se as defesas estão em baixa. “Indivíduos internados costumam ter o sistema imune fragilizado e ficam mais expostos à migração desses micro-organismos”, esclarece o otorrinolaringologista Arnaldo Guilherme, da Universidade Federal de São Paulo.
Como a gente não sabe quando vai precisar de um hospital, convém conservar a boca em ordem.
4- Câncer?! Aqui não
Quando o fio é esquecido e as bactérias ampliam seu domínio sobre a boca, esse outro vilão pode ser convidado a entrar em cena.
A dentista Mine Tezal, professora da Universidade do Estado de Nova York, nos Estados Unidos, investiga há anos o elo entre a periodontite e o maior risco de tumores. “Já observamos associações com a doença na cavidade oral, na faringe e na laringe”, conta.
A cientista também esmiúça por que essa infecção predispõe a um câncer. “Os micro-organismos e o processo inflamatório criam um ambiente favorável ao surgimento de células defeituosas”, revela. Mine vai além: “A inflamação crônica na boca altera sua mucosa, facilitando a entrada de outros agentes cancerígenos, como tabaco, álcool e vírus”.
Em revisão recente, a expert encontrou indícios de que o HPV se aproveita desse cenário para semear um câncer na boca ou na garganta. E tem mais: a Academia Americana de Periodontologia já alerta que a desordem nos dentes patrocinaria leucemias e tumores no pâncreas e nos rins.
5 – Parto na hora certa
O futuro mais imediato do bebê também depende de que a mãe seja uma adepta do fio, da escova e das visitas ao dentista.
Para começo de conversa, as alterações hormonais da gravidez já deixam a gengiva mais vulnerável.
Se a doença periodontal conquista seu espaço, a repercussão está longe de ficar restrita ao sorriso da gestante.
O bebê pode nascer prematuro e abaixo do peso – o que é capaz de acarretar problemas de curto e médio prazo em seu pleno desenvolvimento.
Segundo um trabalho do Instituto de Ciências Médicas Pravara, na Índia, isso acontece porque a inflamação crônica e algumas toxinas liberadas pelas bactérias bucais viajam pelo sangue e abalam a placenta.
Para não prejudicar a saúde do bebê, o corpo da grávida entende que é melhor antecipar a saída dele. “Por isso as gestantes com o problema tendem a apresentar a dilatação antes da hora”, complementa Fischer. Esse dado só vem reforçar a importância e incluir o dentista no pré-natal. E o fio dental sempre.
6 – Cérebro a todo vapor
Cientistas do mundo inteiro procuram quais elementos do estilo de vida estão ligados a uma maior proteção diante da doença de Alzheimer, reconhecida por destruir a memória e outras funções cognitivas.
Pois já dá para incluir na lista de atitudes manter a saúde bucal em dia, o que demanda o uso regular do fio dental. Em um estudo recém-publicado, a pesquisadora Sim Singhrao, da Universidade de Central Lancashire, na Inglaterra, e seus colegas elucidam de que maneira a infecção e a inflamação na boca somam forças à progressão do Alzheimer.
Fatores como má higiene, sangramento na gengiva e perda dos dentes estão ligados com o declínio cognitivo. “Algumas espécies de bactérias parecem chegar ao cérebro por meio de nervos ou via corrente sanguínea e se envolver mais diretamente com a deposição das placas beta-amiloide”, revela.
São essas placas que cortam a comunicação entre os neurônios e os levam à degeneração. Há indícios, ainda, de que a própria inflamação detonada pelos micróbios deteriore as células nervosas.
7 – Diabete sem sustos
Os diabéticos que penam para controlar a glicemia vivem permanentemente uma situação parecida com a das gestantes: precisam redobrar a atenção com a gengiva, já que ela é mais suscetível aos assaltos microbianos.
Se o açúcar no sangue permanece nas alturas, a reparação das agressões a esse tecido não acontece direito. Mas a confusão não termina aí, não. Numa via de mão dupla, a doença periodontal desgoverna o ajuste da glicose. “Nos diabéticos do tipo 2, a inflamação desencadeada pelo problema bucal aumenta a resistência à insulina”, justifica Fischer, que também preside a Sociedade Brasileira de Periodontologia.
Traduzindo: o excesso de moléculas inflamatórias trafegando pelo organismo faz com que a insulina não consiga abrir as portas das células para receber a glicose.
Se ela sobra no sangue, por sua vez, a gengiva não se recupera…
Sim, é um círculo vicioso. Estudos feitos no Brasil mostram inclusive que o tratamento da doença periodontal em diabéticos rende um melhor domínio sobre a glicemia.
8 – Pelo ar que respiramos
Um dos traços mais marcantes da periodontite crônica se faz notar quando conversamos com uma de suas vítimas.
Pois é, a doença que se aproveita da ausência do fio e da escova dá origem a um senhor mau hálito. “Devido à inflamação e à ação das bactérias na gengiva, ocorre decomposição de sangue e de células descamadas, o que libera o odor desagradável”, explica o dentista Maurício Duarte da Conceição, autor do livro Bom Hálito e Segurança! Metas Essenciais no Tratamento da Halitose (Editora Arte em Livros).
Não se trata daquele bafo matutino, que passa depois de tomar o café e higienizar os dentes. “Se isso não ocorre, é um aviso de que há algo em desequilíbrio no corpo”, alerta o especialista.
O cheiro da doença periodontal costuma ser constante, chega a ser sentido em uma distância razoável do interlocutor e, às vezes, nem com bala vai embora.
E exige todo um tratamento para largar seu dono. Se você não quer sentir na boca (e no ar) essa chateação, não deixe nunca mais o fio dental relegado à gaveta do banheiro.
Fonte: Revista Saúde é Vital